Ano XVII – nº 50-52 | ago.-dez. 2024 | ISSN 1983-2354.
“A Unidos de Padre Miguel, com o enredo “Egbé Iyá Nassô”, traz para a avenida uma celebração profunda da ancestralidade e da resistência negra no Brasil, colocando em evidência a figura de Iyá Nassô, uma das fundadoras do Candomblé no país. Este enredo não é apenas uma exaltação religiosa, mas um resgate histórico da luta das mulheres negras na preservação das tradições africanas diante da violência colonial e do racismo que perdura até os dias de hoje”.
“A história que a Imperatriz levará à Sapucaí narra um encontro emblemático: Oxalá, o mais velho dos orixás, divindade da criação e da sabedoria, decide visitar Oyó, a terra do impetuoso Xangô, senhor da justiça e do trovão. Segundo o mito, Oxalá enfrenta dificuldades em sua jornada, sendo impedido de prosseguir por guardas a mando do rei, que, desavisado, não reconhece o ilustre visitante. O velho orixá é aprisionado e sofre humilhações até que Xangô percebe o erro e, arrependido, presta todas as honras devidas ao pai primordial. A partir dessa experiência, estabelece-se o respeito mútuo entre os dois orixás.”
“Neste texto, queremos apresentar ao leitor quem é Malunguinho e qual é a potência que ele pode trazer para a escola de Niterói, que está em busca de mais um título para seu pavilhão. Podemos iniciar nossa conversa dizendo que entre os troncos retorcidos da Jurema Sagrada e o batuque dos terreiros, há um nome que ressoa como vento forte: Malunguinho.”.
“Em 2025, a Estação Primeira de Mangueira, escola que há décadas se consagra como voz dos oprimidos e guardiã das histórias não contadas, levará para a Sapucaí um enredo que ressoa profundamente com a trajetória de milhões de africanos escravizados no Brasil. O tema, intitulado “Tambores do Silêncio: A Saga Bantu no Rio de Janeiro”, promete não apenas encantar os olhos, mas também tocar a alma, ao resgatar a história de resistência e reinvenção de um povo que moldou a identidade cultural brasileira.”
“No vibrante universo do Carnaval carioca, onde a cultura, a história e a fé se entrelaçam em um espetáculo de cores e emoções, a Unidos da Tijuca nos convida a mergulhar em um enredo fascinante para 2025. Desta vez, a escola de samba escolheu como tema central a figura enigmática e poderosa de Logun-Edé, orixá que personifica a dualidade e a riqueza das tradições afro-brasileiras. Logun-Edé, filho de Oxóssi e Oxum, é uma divindade que carrega consigo a força da caça e a delicadeza das águas, simbolizando a harmonia entre os opostos e a conexão com a natureza.”
“ O que esperar desse desfile? Certamente, um espetáculo à altura de sua trajetória, com o DNA técnico que ele tanto prezava e a energia de uma comunidade que aprendeu a sonhar sob sua batuta. Entre a saudade e a celebração, a Beija-Flor promete um tributo arrebatador, repleto de emoção, ousadia e, claro, aquele perfeccionismo que sempre foi sua marca registrada.”
“O Salgueiro, com toda sua história de luta e inovação, não apenas desfila, mas evoca ancestralidade e espiritualidade. Em 2025, a escola avisa: quem se meter com eles acertará as contas na CURIMBA e se diz MACUMBEIRO E MANDINGUEIRO, batizado no GONGÁ. Cada uma dessas palavras carrega um significado profundo dentro das tradições afro-brasileiras e reforça a potência do enredo.“
“A Vila Isabel pretende surpreender o público com uma viagem que mistura o humor, o sobrenatural e a riqueza cultural das crenças que atravessam gerações. Mas de onde vêm essas assombrações? Elas habitam histórias contadas à beira da fogueira, sussurradas por avós antes de dormir ou espalhadas pelos becos das cidades à noite. São personagens como o Saci, a Cuca, o Boitatá e tantos outros que fazem parte da memória coletiva do Brasil, moldando medos e encantamentos ao longo do tempo.”
“ O enredo, intitulado “Voltando para o futuro – Não há limites para sonhar”, apresenta uma jornada intergaláctica com o objetivo de reconectar-se com seu brilho. […] Voltando o olhar para a África, encontramos um rico mosaico de narrativas em que as estrelas desempenham papéis fundamentais. Entre os povos Dogon, no Mali, existe uma crença sobre o sistema estelar de Sírius. Eles afirmam conhecer a existência de uma estrela anã branca companheira de Sírius muito antes de sua descoberta moderna, atribuindo essa sabedoria aos seus ancestrais e divindades.”
“A Paraíso do Tuiuti acertou em cheio ao escolher Xica Manicongo como tema do seu enredo para 2025. A escola, que nos últimos anos se consolidou como uma das mais afiadas no debate social dentro do Carnaval, agora mergulha na história da primeira pessoa trans registrada no Brasil colonial. E convenhamos, a Tuiuti sabe como transformar narrativas invisibilizadas em potentes espetáculos na Sapucaí.”
“A Acadêmicos do Grande Rio segue firme na sua trajetória de enredos de afirmação e resistência, e para 2025 não será diferente. A escolha de falar sobre as Pororocas Parawaras e os Curimbós demonstra o compromisso da escola com a valorização das tradições da Amazônia, trazendo para a Sapucaí um tema de profundo significado cultural e espiritual. Se nos últimos anos a tricolor de Caxias exaltou Exu e abordou as encantarias maranhenses, agora volta seu olhar para a força das águas e das expressões populares do Norte do Brasil.“
“Em 2025, a Portela se veste de sol e lua para contar a história desse artista que desenhou o Brasil em acordes. Das Gerais ao mundo, sua voz ecoa como um chamado, um canto de liberdade e identidade. Mas o que acontece quando as asas da Águia encontram os versos do menino que carregava a música no peito? Compositor de travessias e encantarias, Bituca – como os mais íntimos o chamam – fez da canção um território sem fronteiras.”
“Para além da dicotomização entre Identidade e Devir, urge a necessidade de entender que tais conceitos precisam passar por uma compreensão situada e interseccional, para que se assuma a imanência e a complexidade de saberes encarnados na consistência de modos de vida em um país que se ergueu pela branquitude assentada na colonialidade e(m) sua produção de gradações e negações de vidas aos corpos racializados”.
“O conceito de diáspora é tomado enquanto um processo dinâmico, polissêmico e pluriversal. sugerimos a amarração teórica com a proposta desenvolvida por Lélia Gonzalez de “amefricanidade”. Como o racismo e a colonialidade intervém nos processos de subjetivação da população negra amefricana. Racismo, colonialidade e processos de subjetivação são abordados como contextos em que reconstituímos nossas ancestralidades”.
“Neste breve ensaio-teórico, a proposta foi pensar a necessidade epistemologias plurais na psicologia, visto que, a pretensão de uma psicologia hegemonicamente universal é a marca colonial mais profunda que a ciência psicológica pode ter. Essa psicologia é embutida por racionalidade neoliberal que visa a proteção de uma reserva de mercado. As psicologias descoloniais e descolonizadoras se constroem a partir da mistura, dos entrelaçamentos entre os saberes científicos e a linguagem popular.”
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Ao entender que, para conhecer e atuar com a saúde mental da população negra é preciso sulear os saberes, EmpreteSer a atuação profissional e sua prática pedagógica. […] o artigo tem como objetivo analisar o quanto e de que modo a proposta da referida formação possibilitou o fortalecimento da saúde mental das pessoas envolvidas. O quanto e de que modo proporcionou o desenvolvimento de novas formas de cuidado e cura, a partir dos estudos e das experiências vividas”.
”A psicologia preta/africana contém em seu corpo conceitual, teórico, técnico e metodológico a filosofia africana, que é determinada por valores éticos e morais dos modos de vida africanos. Nesse sentido, a psicologia com orientação africana encontra nos provérbios africanos um meio pelo qual expressar o asili, de forma a conduzir o processo terapêutico fornecendo subsídios culturalmente consistentes para lidar com significados compartilhados em experiências de pessoas pretas”.
“As reflexões apresentadas buscam, portanto, não apenas identificar os desafios, mas também demonstrar as potências do amor e da solidariedade entre pessoas negras que, apesar das adversidades, continuam a encontrar formas de cura e afeto em meio a um legado histórico de opressão. Essa busca por cura e resiliência revela a importância das relações afetivas na construção das identidades e na promoção do bem-estar do povo preto”.
“Esta é uma escrevivência de quatro intelectuais negras. Somos todas profissionais de psicologia e atuamos sobretudo na clínica. Embora ofertantes de cuidado e cuidado em saúde mental, além de pesquisadoras, não estamos a salvo do racismo, mesmo em uma formação basilarmente voltada para as relações étnico-raciais e saúde mental. Denunciamos um dos racismos sofridos em uma instituição de ensino, assim como o modo de agir branco quando apontamos seus racismos.”
“[…] uma compreensão de mundo e de si, a partir da relação entre mídias sociais e filosofias africanas, servirá como um ponto de partida para pensar o sujeito inserido em seus contextos históricos e culturais, a despeito da existência do racismo. A partir daí, podemos questionar também outros fatores, como a localização histórica, cultural e psicológica das leituras, intervenções políticas e influências em favor da autonomia de corpos negros.”
“[…] No percurso empreendido, desdobra-se, como objetivo, refletir sobre como o ambiente escolar afeta a constituição das subjetividades negras, seja levando em consideração que tal meio social é produto e produtor de racismos, mas também potência de práticas decoloniais. […]”.
Este artigo propõe uma leitura decolonial das letras do grupo de rap Racionais MC’s, enfatizando como suas narrativas denunciam questões de raça, classe, gênero, trabalho e relações sociais, representando uma resistência cultural contra colonial.
“[…] o trabalho aqui apresentado é oriundo da experiência vivencial como participante e observadora do Curso de Extensão da Formação em Epistemologias e Filosofias Africanas e Psicologia Preta. Um dos braços do Núcleo de Estudos sobre Gênero, Raça, Classe e Trabalho – NEGRACT da Universidade Federal do Delta Parnaíba.”
“Cartografamos e apresentamos nossas escrevivências, que são devoradoras. Escrevivências que, além de narrar, são pensar-corpo. Escrevivências que nascem também da força de sua ideia, de sua genealogia de experiências étnicas. Diferentes campos de trabalho são engendrados y sonhados nos nossos encontros. […] Retomamos as referências de Abdias Nascimento e Beatriz Nascimento a respeito dos aquilombamento na história brasileira, entendendo este corpo coletivo como máquina de guerra”.
“O presente estudo se trata de relatos de experiências de mulheres negras, desde o momento da descoberta como tais, até o momento em que adentramos a academia e desconstruímos e provocamos a ruptura ou (dis) rupturas na nossa escrita através dos encontros em uma formação de psicologia afropespectivada promovida pelo Núcleo de Estudos sobre Gênero, Raça, Classe e Trabalho da Universidade Federal do Delta do Parnaíba”.
“Inspirado em obras como “Movimento Negro Educador” de Nilma Lino Gomes e o trabalho de Petronilha Silva com Luiz Gonçalves, este estudo busca compreender o processo histórico de escolarização dos negros desde o século XIX e como esse processo tem sido influenciado pelo contexto social e político.”
“Ainda nos perguntamos: o que é preciso para ser professor? Quais são os saberes indispensáveis à docência? De onde provêm seus conhecimentos? Essas perguntas, apesar de parecerem simples, têm respostas complexas.”
“Os mocambos configuram-se como território que salvaguarda línguas, políticas, e princípios filosóficos próprios nos quais o indivíduo, por meio de uma relação de pertencimento, vivencia-se nele a manutenção das memórias dos antepassados. As produções artísticas permitem explorar diferentes formas de expressão e proporcionam espaços de liberdade criativa e reflexão crítica”.
“Este artigo busca refletir sobre a invisibilidade e apagamento das personalidades negras brasileiras, bem como analisar as experiências socioeducativas do movimento negro como estratégia de formação e emancipação. Partindo da trajetória de Nair Theodoro de Araújo, uma mulher preta que teve participação ativa na Associação Cultural do Negro, fundada por José Correia Leite em 1954, em São Paulo, questiona-se por que tantas figuras como ela são esquecidas e silenciadas.”
“Este estudo tem por finalidade fomentar o interesse pelos possíveis impactos causados pela pandemia ao ensino público de Seropédica, sendo este uma possível ferramenta de alerta para traçar estratégias e ações de enfrentamento aos impactos.”
“O objetivo deste artigo é apresentar como os professores vem se preparando pela Secretaria de Educação do Estado do Rio de Janeiro para atuar com a Lei 10.639/2003 no ambiente escolar.”
“O objetivo deste trabalho é investigar como é feito o oferecimento de cursos de formação continuada sobre a temática das relações étnico-raciais na escola para professores na rede Municipal de Ribeirão Preto e na rede Municipal de São Paulo, cujas regiões representam a capital e o interior do estado.”
“Artigo traz apontamentos sobre a fotografia como registro de avaliação/registro individual da criança de forma documental e considerações em que a apresento como instrumento de registro e produção de memória, construção de identidade, afeto, lembranças e sentimento, capaz de produzir sensações, sentimentos e conhecimentos que também passam pelos sentidos.”
“O estudo buscou problematizar qual o papel do professor frente as desigualdades raciais no primeiro segmento da educação básica tomando como base a lei 10/639-03 e suas possíveis influências na construção curricular, compreendendo que mesma apresenta obrigatoriedade de implementação em todos os segmentos da educação básica.”
O artigo propõe uma reflexão do papel da Educação Profissional e Tecnológica dos Institutos Federais de Educação na construção de uma sociedade democrática. Apresenta uma proposta de uso de letras de sambas de enredo como material pedagógico para subsidiar a prática das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana.
“A fim de que não haja retrocessos no que já foi conquistado pela Educação Ambiental até o momento, esta prática deve ser uma tarefa contínua em busca da sensibilização do indivíduo e de sua importância na promoção de ações que rompam com os paradigmas da sociedade moderna e suas relações com o meio ambiente.”
“[…] apesar dos avanços, a agroecologia no Brasil ainda precisa superar barreiras institucionais e políticas para se firmar como um modelo dominante de desenvolvimento sustentável, capaz de promover justiça social e equilíbrio ambiental no campo.”
“A metodologia utilizada inclui pesquisa-ação, docências compartilhadas e oficinas de Hip-Hop, Djembê e Atabaque voltadas para a literatura e musicalidade afro-brasileira. Os resultados evidenciam que as docências compartilhadas e oficinas estimularam a criatividade e integração entre estudantes de diferentes idades, contribuindo para o desenvolvimento da autoestima e confiança, além de impactar positivamente o comportamento coletivo e as relações interpessoais na convivência escolar.”
“A intenção deste trabalho é problematizar as distorções que se manifestam ainda hoje na educação pública brasileira e identificar que a educação voltada à narrativa colonizadora pode contribuir para a manutenção e ampliação de práticas racistas. A metodologia do estudo seguiu com os procedimentos: a pesquisa de campo ao longo de dois anos de projeto de mestrado, com permanência de três dias por semana na cidade, com ênfase na observação das práticas sociais e educacionais.”
Filhos de Oxalá: crônicas, contos e poemas é uma coletânea exclusivamente composta por conteúdos inéditos que trazem narrativas reais ou ficcionais em prosa e verso em torno da relação cotidiana entre nós humanos e o orixá Oxalá e este com os demais orixás.
É uma coletânea de contos, crônicas e poemas que trazem como ponto de partida narrativas reais ou fictícias em torno da relação de mulheres com o barro, enquanto importante elemento de memórias, tradições, ancestralidade, religiosidades, lutas, resistências, sobrevivências e identidades. Neste sentido busca trazer para a cena literária personagens femininas como as paneleiras, as ceramistas, as artesãs, as oleiras, as lideranças religiosas dentre outras que fazem da modelagem do barro instrumento de transformação individual e ou coletivo.
O xaxará de Obaluaê na cosmovisão iorubá é um objeto sagrado e tem a função de espalhar e limpar as doenças do mundo. O XAXARÁ DE OBALUAÊ: CONTOS é uma coletânea exclusivamente composta por CONTOS INÉDITOS que trazem narrativas em torno do esforço de revisitar as mitologias iorubás que envolvem o orixá Obaluaê bem como de relatar experiências reais ou ficcionais que traga o protagonismo deste orixá enquanto Senhor da Doença, da Saúde e da Cura.
“Dias de Sol são assim…” é uma coletânea de contos e crônicas e poemas, a ser publicada em formato impresso pela Editora Revista África e Africanidades e que traz como ponto de partida histórias, memórias, expectativas e decepções de dias de sol pelo mundo a fora.
A REVISTA ÁFRICA E AFRICANIDADES desde maio de 2008 vem preenchendo destacado espaço na vida cultural e acadêmica brasileira, pois é um dos poucos periódicos nacionais inteiramente dedicado a temas africanos, afro-brasileiros e afro-latinos que agrega conteúdos acadêmicos, de informação, entretenimento e subsídios para a prática pedagógica e pesquisas escolares da educação básica. Saiba mais.
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