Ano XVIII – nº 53  |  maio 2025   |   ISSN 1983-2354.

DOSSIÊ DISCURSOS, MEMÓRIAS NEGRAS E ESPERANÇA NA AMÉRICA LATINA E CARIBE
V Cóloquio Raça e Interseccionalidades | Premier Congreso de Investigadores/as AfroLatinoamericanos e del Caribe

“Dentre as violências praticadas pelos atores armados destacam-se as ameaças e os assassinatos, mas também as violências por meios sexuais e os deslocamentos forçados. Deste modo, a partir de uma perspectiva interseccional, o presente artigo tem como objetivo analisar como esta guerra tem afetado as mulheres étnicas, isto é, indígenas e afrodescendentes, em sua maioria camponesas”.

“A análise realizada indica que há tensões entre feminismo negro e mulherismo africana relativas à articulação entre raça, classe e gênero, bem como divergências associadas ao papel de indivíduos, família e comunidade na construção de uma sociedade mais justa. Ademais, categorias como colonialismo, diáspora e ancestralidade também recebem diferentes ênfases nas duas correntes, o que aponta para distintos projetos políticos a partir dessas duas matrizes.”

A análise aponta para como essas mulheres extrapolam o contexto micro da luta por justiça para uma luta contra o racismo estrutural em suas narrativas de engajamento; elas ainda sublinham a maternidade como elemento de autoridade moral e elaboram construções positivas de quem seus filhos eram em contraste com a violência policial com a qual foram tratados”.

“Apresentamos a experiência de construção do ebó nas encruza guiados pela pedagogia das encruzilhadas. Nela, um ‘ebó epistemológico’ é saber praticado, artimanha de encante à esculhambação de lógicas do carrego colonial para dar lugar à cura e à invenção. Relatamos o acontecimento como carta pedagógica tentando quebrar e transgredir com pactos que habitam os outros e os Outros, pressupondo atitude, práxis e vivência contracolonial.”

Escritor Ferrez. Divulgação.

“O presente estudo discute o romance Capão pecado, de Ferréz, de maneira a lançar luz sobre o racismo ainda presente no Brasil, e problematizar maneiras e meios que a literatura e a arte em geral possuem para colaborar a favor da causa antirracista. Discute-se, em um primeiro momento, como a cultura eurocêntrica colaborou e ainda colabora para que a desigualdade racial se perpetuasse no Brasil, desde o momento da colonização aos dias atuais. Em seguida, propõe-se que os Estudos Culturais e posteriormente a literatura pós-colonial forneceram diretrizes capazes de instrumentalizar politicamente escritores da Literatura Marginal.”

Concluímos que a Revista Glamour vem buscando contemporaneamente delinear uma performance que dialoga com mulheres que entendem o seu papel social. Porém, recorrentemente, evitar abordar de forma explícita questões relacionadas à raça e o papel da branquitude nessa violência.

Imagem: Produtos feitos por mulheres da Comunidade Quilombola do Candeal

“O Quilombo Candeal II é uma comunidade destacadamente matriarcal, situada na zona rural do município de Feira de Santana, interior da Bahia. Neste quilombo, é destaque as ações dos projetos Cultiva Marias e Feira das Marias, que tem por objetivo a inclusão socioprodutivas das mulheres do Quilombo.”

Comunidade Quilombola Machadinha

“Este artigo traz contribuições teórico-metodológicas a partir da pesquisa “Práticas insurgentes coletivas: lutas, resistências e organização de mulheres em territórios quilombolas” (2021/2024). Teve como objetivo investigar práticas cotidianas de resistência e organização de mulheres quilombolas do Brasil para compreender suas dinâmicas contemporâneas de organização política, social e cultural, inseridas nas lutas no e pelos seus territórios, observando diferentes níveis de articulação entre luta por direitos e afirmação identitária e política”.

Comunidade Quilombola Contente

“As andanças que constituem esse trabalho, são parte dos caminhos percorridos durante a pesquisa de doutoramento em Educação – PPGEd/UFPI (2020-2023). Naquele momento, partimos da percepção das experiências coletivas que se fazem nas tessituras das trocas, de quem se reconhece única, dentro das suas especificidades, e ao mesmo tempo plural, pelos ecos de existência que as construíram. O objetivo era descrever as práticas de organização (e coesão social) das comunidades quilombolas em Paulistana-PI, que viabilizam o autorreconhecimento quilombola por meio de uma teia de transmissão inter e transgeracional de conhecimentos e experiências do feminino, entre as quais a memória está viva.”

“Esses territórios, que foram diversas vezes desterritorializados e reterritorializados, são considerados espaços de resistência e de manutenção de ancestralidade (comunidades quilombolas, escolas de samba, terreiros de candomblé e comunidades periféricas como favelas). Os autores selecionados como suporte teórico para este trabalho concebem a língua a partir de seus usos sociais, sabendo que há poucas investigações nessa perspectiva transdisciplinar e afrocentrada.”

“Este artigo tem por objetivo trazer reflexões acerca das relações entre perseguições e ataques aos membros e espaços de religião de matriz africana, dentro da historicidade brasileira, ao longo dos anos. Onde o Brasil, que hoje se encontra num Estado laico, já passou por várias fases, desde a imposição religiosa ao catolicismo; a total proibição de manifestações religiosas de matriz africana; as liberações parciais de religiões distintas da oficial desde que não chegassem a esfera do espaço público e se restringisse ao âmbito doméstico até a perseguição por parte do próprio Estado”

Este artigo debruça-se em analisar o dengo/amor como estratégia de enfrentamento ao genocídio contra as populações negras na obra O livro preto de Ariel (2019) do escritor Hamilton Borges. Nesse cenário, vemos a literatura de Hamilton Borges como uma estratégia de militância, pois, para além de uma demonstração explícita de estratégias de genocídio praticadas pelo Estado contra as populações negras, é possível identificar no romance estratégias de enfrentamento e combate a esse genocídio e destacamos aqui, o dengo/amor, o afeto, uma luta coletiva do povo negro contra o extermínio de seus corpos negros”.

Foto: Januário Garcia. Acervo do Centro de Ação Educativa

“Examinando sua teoria, observou-se a quem Lélia Gonzalez se contrapôs e dialogou para proposição de uma nova interpretação sobre o Brasil destacando sua perspectiva acerca da integração do negro na sociedade de classes. Sua produção acadêmico-ativista, centrada na interseção entre raça, classe e gênero, evidencia como uma leitura interseccional é fundamental para compreender as contradições estruturais da dominação e exploração dos negros, especialmente das mulheres negras, no Brasil.”

“O instrumento teórico-metodológico utilizado nesta pesquisa foi a Escrevivência, conceito cunhado por Conceição Evaristo, que se refere à escrita-vivida, ou seja, a experiências vividas individualmente por mulheres negras que coadunam experiências coletivas. O objetivo deste texto consiste em instaurar uma discussão sobre a importância ancestral da coletividade para mulheres negras. O referencial é majoritariamente feminino e negro, nesta perspectiva, dialogamos com Evaristo, Gomes, hooks, Gonzalez, Oyewùmí entre outras”

“Observamos que o Movimento Negro brasileiro, enquanto um movimento social dinâmico e atento às mudanças políticas e sociais, se vale do teatro enquanto recurso socioeducativo, capaz de promover importantes reflexões sobre as relações étnico-raciais para as populações negras e brancas.”

No presente artigo proponho análise de cartas produzidas a partir do romance “Um defeito de cor”, de Ana Maria Gonçalves. Nesses textos, os enunciados de referência ao filho da personagem Kehinde, é um Abicu, entidade sagrada que, dentro da religião do Candomblé, é pessoa de vida curta, cujo destino é uma morte abrupta. Percebem-se, nos enunciados, diferentes formas afetivas que, ao serem analisadas em uma perspectiva funcionalista demonstram a riqueza de produções de textos contextualizados a uma situação sensível e de difícil aceitação, mas, cujo produto, especialmente baseado no conceito da Escrevivência, garantem uma produção afetiva, produtiva e socialmente harmônica no trato da questão da religiosidade negra brasileira, ao ser trabalhada no contexto escolar.

“O presente artigo pretende apresentar histórico da tutela sobre povos indígenas no Brasil, levantando argumentos para discutir e introduzir o conceito de Racismo Tutelar. Para isso, utilizaremos dos referenciais teóricos do Grupo Modernidade Colonialidade”.

“Este artigo pretende ressaltar o interesse e a contribuição da publicação das cartas trocadas entre Pierre Verger e Roger Bastide para os estudos sobre o candomblé e a obra destes pesquisadores, uma vez que permite analisar a relação destes pesquisadores com o candomblé e com as pessoas denominadas como ‘informantes’, isto é, sacerdotes e sacerdotisas que forneciam a eles dados e informações sobre o culto realizado em determinados terreiros, fator crucial na construção de um conhecimento acadêmico sobre o candomblé […] As cartas contribuem, ainda, para uma avaliação sobre o modo como estes autores lidavam com as relações raciais no Brasil, sobretudo a partir do Projeto UNESCO realizado nos primeiros anos da década de 1950, que se propôs a investigar as relações raciais no país, e no qual Roger Bastide teve grande protagonismo e participou ativamente.”

“Este artigo é composto de uma breve contextualização em dimensões geopolíticas mais amplas, no intuito de destacar alguns pontos de um projeto global de subjugação racial que tem o corpo, no caso, a estética, como entidade de intervenção política privilegiada.No que diz respeito à diáspora, neste trabalho propomos refletir além de uma narrativa contra-estética do belo, interessa-nos pensar sobre as políticas da raça responsáveis pela instituição de escalas hierárquicas de beleza, interseccionando nesta valorização um legado estético afrodiaspórico.”

“Partindo da premissa de que cabelos crespos atuam como marcadores de diferença, por estarem associados à hierarquização racial e à construção das performances corporais das pessoas negras, especialmente das mulheres, realizou-se uma revisão bibliográfica das produções acadêmicas sobre o tema entre os anos 2008 e 2021. Observou-se uma mudança nos paradigmas que moldam as narrativas sobre o cabelo crespo, ora visto como estigma, ora ressignificado como símbolo político”.

Eliana Alves Cruz. Foto: Divulgação

A literatura de autoria negra-feminina é um importante instrumento para descolonização das representações literárias sobre a mulher negra. Narrar suas próprias histórias significa a legitimação de identidades, de autorreconhecimento como integrante de um corpo social que transmite ancestralidade e memória aos descendentes. A escrita feminina de autoria negra marca a emancipação intelectual de mulheres que, no Brasil, constituem uma camada social inferiorizada duplamente pela questão de gênero e de raça.”

Este artigo analisa o poderoso conhecimento do negro, a exemplo do povo chokwe do Camaxilo – Angola, África, considerando com certa atenção a obra “Vivo na Comunidade, Morto na Academia” de Mucuta e a análise de como se apresentam nos livros didáticos do Ensino Fundamental I, os conhecimentos matemáticos, crenças e a cultura do povo chokwe do Camaxilo, em particular, e do povo afrodescendente, em geral.

Este artigo tem como objetivo estabelecer um diálogo sobre o livro-coletânea de textos “O livro negro dos sentidos” (2021), tendo como ponto de partida o fio condutor que percorre tanto o poema como a crônica selecionados: a apreensão do corpo e do prazer, principalmente, de mulheres, como contrapostos a noções de culpa e de pecado. “O livro negro dos sentidos” evoca e reflete, nesse contexto, a perspectiva decolonial a partir do questionamento e da desestabilização acerca da passividade e da apatia como características inerentes ao corpo feminino, rompendo com o paradigma de gênero imposto pela colonialidade.”

“O Movimento Ocupa Fazenda Engenho Novo é uma ação voluntária organizada voltada para o resgate do patrimônio material e imaterial da Fazenda Engenho Novo, localizada no bairro de Monjolos, cidade de São Gonçalo, estado do Rio de Janeiro. O espaço funcionou como uma fazenda escravista nos períodos colonial e imperial e teve suas terras desapropriadas em 1993 pelo Instituto de Terras e Cartografia do Estado do Rio de Janeiro (ITERJ), dando origem ao Assentamento Rural Fazenda Engenho Novo (Azevedo, 2015). Apesar de tombada pelo Instituto Estadual do Patrimônio Artístico e Cultural (INEPAC) desde 1998, o espaço segue sem a intervenção do poder estatal, o que levou historiadores, assistentes sociais, ativistas do movimento negro e moradores locais a criarem o Movimento no ano de 2018 com o objetivo de ocupar o espaço e promover uma educação antirracista […]”

“Este trabajo examina cómo se gestionan las nuevas formas de paternidad en distintos sistemas jurídicos de América Latina, destacando los desafíos y las perspectivas. A través de un enfoque comparativo, se analizan los marcos legales de varios países, identificando diferencias y similitudes significativas. Los resultados muestran una variedad de enfoques, con avances importantes en algunos contextos y problemas persistentes en otros.”

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